emergente Brasil. Todos os interessados chiam incessantemente contra os "gargalos" logísticos e estratégicos
que atrapalham o progresso do país (a bronca do momento é o atraso nas obras para a Copa e as Olímpiadas), mas poucos discutem o sistema medieval que controla a informação no Brasil. A informação é um bem de primeira necessidade, está para mente como o ar está para o corpo. Não pode ser tratada como um mero produto, "comóditi" ou serviço. Mas é exatamente assim que é usada pelas oito ou nove famílias que se adonaram da maior parcela da mídia nacional. Os fatos, e sua exposição jornalística, a notícia, são mostrados, ou sonegados, invariávelmente, nas versões que protegem os interesses e perpetuam no poder essas famílias e seus prepostos políticos. Ou seja, em termos de mídia, ainda estamos no século XVI, no tempo das capitanias hereditárias: rádio e TV , como as capitanias, são concessões do poder político...
Mas toda e qualquer proposta de controle social, direito e contrapartida democrática de quem concede (o governo eleito, ou seja, todos nós eleitores) sofre a imediata acusação de "censura !". Como se o fato de querermos ter controle, numa democracia, de como e por quem queremos ser informados fosse a mesma coisa que a truculenta supressão da informação patrocinada pela ditadura militar...
Mas, encarando todos esses poderosos usurpadores, organizações como os sindicatos de jornalistas e o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação demonstraram, na I Conferência Nacional de Comunicação (2009), a necessidade de regulamentos contemporâneos para o setor, um Marco Regulatório (como existe nas melhores democracias do
mundo). Além disso, a ConfeCom propos a criação de Conselhos de Comunicação Social nos estados, a exemplo do CCS que existe no Congresso Nacional como órgão consultivo, de acordo com a Constituição Federal de 1988. Mas... as forças que trabalham para manter o país na Idade Média são poderosas, e se bloqueiam o que já existe (o CCS do Congresso está desativado, na prática, desde 2006), imagine-se o que ainda precisa ser criado, como os CCS dos estados...
No entanto, se o Brasil quiser ser a referência mundial das nossas melhores esperanças, vai ter que entrar de vez no século XXI, fazendo, além de coisas como a reforma agrária, uma verdadeira "reforma aérea" nas comunicações. As forças da INcomunicação usam principalmente a estratégia do silêncio, para calar a discussão do assunto. Que é simplesmente o direito de fazer (a seu bel prazer) a cabeça de gerações de brasileiros! Portanto, quem tiver qualquer espaço de diálogo, em qualquer linguagem, que levante essa lebre, pra fazê-los sair da toca...
Os desenhos desse "papo" iustraram matérias da revista Mídia Com Democracia, do FNDC, em 2009 e 2011, em lápis e aquarela o primeiro, e caneta c/ aquarela os dois últimos.
7 comentários:
E a Capitania Sarney, mestre?
Grande Wilmarx, há quanto tempo...
Satisfação c/ a tua presença, amigo da antiga. O Coronel Sarney sempre foi um dos maiores braços políticos da capitania Globo, junto com o Coronel ACM. Naturalmente ganharam "afiliadas"
do "padrinho"...
Edgar
Belo post!
Estive aqui. Ví, lí e gostei do teu trabalho, como sempre!!!!
Salve mestre Edgar!
Jô
Excelente texto, riquíssimo em conteúdo e questionamentos pertinentes. Além da arte, obviamente, que é o métier do mestre Edgar.
Abraço!
O que dirá o velho Rango sua criatura, quando ler sobre o que escrevem sobre o SirNey e o sol que ilumina a Bahia ACM ?
Grande Mestre Edgar Vasques, é isso ai...Viva a Bahia, sô !
www.saitica.blogspot.com
Concordo com o que você fala sobre a manipulação na informação, mas acreditar que essa medida virá a trazer benefícios, creio que há uma ingenuidade nesta informação.
O que acontecerá é que o governo, formado por um grupo de pessoas eleitas em um sistema político falido utilizarão este mecanismo, sim como censura. Censura contra toda e qualquer ação que vá contra os interesses dos políticos eleitos.
Acreditar que um mecanismo regulatório como esse será utilizado de outra maneira, é acreditar nas boas intenções do governo. Mesmo que esses grupos abordem a informação de acordo com seus interesses ou pontos de vista, a pergunta é: QUEM NÃO FAZ ISSO?
Precisa existir novas regras para o jornalismo, que tem demostrado uma irresponsabilidade em diversos assuntos. Mas o outro extremo, uma mídia impossibilitada de falar, mesmo que uma fala tendenciosa, é muito mais temeroso para nós (vide governos ditadores de esquerda ou direita, que não encontram nenhum tipo de resistência.
Novamente quero afirmar que a questão que você levantou é importante, mas acho apenas que sua defesa de um ponto da questão deixou de lado esses questionamentos.
Um grande abraço.
Humberto
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