Quando eu era gurizote, ouvia no rádio um programa gauchesco, o
Grande Rodeio Coringa, apresentado por Darcy Fagundes e Dimas Costa. Curtia especialmente os trovadores, gaiteiros que se desafiavam rimando, num esquema engraçado de provocação e resposta, tudo no improviso. Achava quase mágica a capacidade de inventar
no repente rimas cheias de humor e veneno. E ao longo do tempo fui conhecendo os repentistas do resto do Brasil, especialmente os poetas cantadores nordestinos, como os mitológicos Patativa do Assaré e o Cego Aderaldo. Contam que Aderaldo, desacatado por um certo Orestes (que era estrábico) rimou em resposta: "
Oreste, cabra da peste; quando a luz do mundo viu; um olho disse pro outro: vai pra puta que o pariu!" O fato é que até hoje sigo fã de todos eles... Tanto que, em 1995, no contexto da tira do Rango,fiz a homenagem inventando meu próprio cantador: Cantochão, o repentista, que é cego mas enxerga tudo, e comenta as barbaridades em versos. Publico aqui um compacto do personagem (cuja última tirinha é deste mês).
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Primeiras tiras do Cantochão, publicadas em 1995. Nanquim, bico de pena. |
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Sobre o "Escândalo do Detran" no RS. Nanquim, bico de pena. Publicado in jornal Extra Classe ( Porto Alegre/RS, 2008) |
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Nanquim, bico de pena e aquarela. Publicado in jornal Extra Classe ( Porto Alegre/RS, maio 2012) |
6 comentários:
EdgasquesVar, meu Guru, o Cego Aderaldo era foda (ah, ah, ah!) e parabéns pelo premio. Tu és o número 1!
Sds
Aí Aí EDGAR
SHOW total. O Blog é demais.
E olha: bota DEMAIS nisso.
juska
Oi, Querido
adoro o teu blog e vou colocar dois desenhos no meu FaceBook, com a autoria, é claro!
Fiz um blog para o Sampa, viste?
Beijo
http://sampaulocartunista.blogspot.com.br/
Gracias, M.Lúcia! Bela idéia, vou olhar.
Bj de volta
Edgar
Báh tchê...tô tentando te achar na web e só encontrei esse blog. Nada de redes sociais? Tá ruim heim...Quero comprar a gravura (cópia) Mate-Múndi.
Mauricio Pinzkoski 065699@gmail.com
Eu tinha quinze anos, fui à redação da Caldas Júnior com rolos de desenhos debaixo do braço, subi as escadas, procurei pelo chefe; ele viu, riu e me dispensou gentilmente - com um dia de trabalho meu, ele comprava o estoque de cartuns estrangeiros para suprir o mês. O Fraga me disse que na Folha da Tarde eu tinha poucas chances, mas que tu querias falar comigo - bastava eu atravessar aquela bateria de jornalistas exasperados em seus artigos, protegendo do saque as pipocas que eu carregava; de cara, me passaste a máquina de escrever para comentar sobre Mordillo - nascia o Quadrão, na Folha da Manhã. Nunca mais parei de desenhar. Servi ao Exército - terminei fazendo material didático. Muitos anos depois, numa palestra promovida por ti, tu já não mais lembravas de mim, da nossa primeia amostra de cartuns na praça da Alfândega - que me pegou de surpresa. 1976. Porém, jamais te esquecerei.
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